Desde março de 2020 que a pandemia por COVID-19 trouxe um importante desafio para os sistemas de saúde, especificamente para a dádiva de sangue. Embora o agente causador desta pandemia seja um vírus respiratório e não existam evidências da transmissão do SARS-CoV-2 através da transfusão, percebeu-se desde logo que existiria um impacto na disponibilidade de sangue devido à diminuição das dádivas, tanto por razões diretas atribuídas aos dadores, como por razões indiretas das medidas de saúde pública adotadas.
Segundo o Instituto Português de Sangue e Transplantação (IPST), «com o avançar da situação pandémica, foram surgindo numerosos constrangimentos à colheita de sangue e componentes sanguíneos, nomeadamente o trabalho a partir de casa, os estabelecimentos de ensino sem aulas presenciais e a inoperacionalidade das unidades móveis de colheita de sangue, que dificultaram, ainda mais, a realização de sessões de colheita móvel. Por todos os motivos atrás mencionados, em 2020 ocorreu uma redução de cerca de 7% no total de dádivas realizadas em Portugal. […] Apesar da redução, houve também um concomitante abrandamento das atividades hospitalares, o que levou a que se mantivesse algum equilíbrio entre as colheitas e os consumos.»
O CNE há muitos anos que colabora com os IPST, coorganizando dádivas de sangue e outras iniciativas de promoção das mesmas. É importante que, com o regresso progressivo à normalidade, o Escutismo possa ser um promotor da dádiva de sangue, contribuindo para uma saúde de qualidade das nossas comunidades. São constantes as dúvidas sobre a dádiva de sangue, mas nós escuteiros devemos ser conhecedores da temática, contribuindo direta e indiretamente para ela.
É possível dar sangue nos Centros de Sangue e Transplantação de Lisboa, Porto e Coimbra ou nos serviços hospitalares com recolha de sangue. Consultando o site oficial do IPST é possível encontrar os locais exatos para dar sangue. Existe também a opção de os agrupamentos promoverem dádivas de sangue no seio das comunidades ou mesmo em atividades escutistas, devidamente organizadas, sendo para isso necessário contactar o IPST. Para ser dador de sangue, basta ter entre 18 e 65 anos (o limite de idade para a primeira dádiva é os 60 anos), ter peso igual ou superior a 50 kg e ter hábitos de vida saudável.
Dar sangue é fazer a diferença. Uma única dádiva de sangue pode contribuir para ajudar a salvar até três vidas.
Testemunhos
«Como enfermeiro e escuteiro, acredito que todos nós podemos e devemos fazer a diferença, não só a dar sangue como também a promover a dádiva.»
Pedro Valente, Agr. 67 Bairro da Encarnação
«Fui dar sangue pela primeira vez numa atividade de Clã. No início estava um pouco nervosa, mas com o passar do tempo o nervosismo foi passando e comecei a sentir uma felicidade extrema por saber que iria ajudar alguém que precisa. No final desta experiência fiquei a sentir-me mais realizada, a querer doar mais vezes e a perceber que não custa nada, mesmo para quem tem medo de agulhas.»
Cátia Moreira, Agr. 729 Cascais